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Foto do escritorPedro Viglioni

O dia em que o norte da África venceu a França

Nesta quarta-feira (14), França e Marrocos se enfrentam pela semi-final da Copa do Mundo 2022. Os Leões do Atlas já fizeram história nesse mundial, se tornando a primeira seleção africana a chegar tão longe em uma copa. Agora, querem chegar a final, e para isso precisarão reeditar um resultado que já conseguiram quando eram uma colônia.


As Colônias francesas do Norte da África

Magrebe é uma região de maioria étnica árabe, localizada no Norte da África. Conhecidos como os países que compõem a "Pequena Magrebe", Tunísia, Marrocos e Argélia foram colônias da França até as décadas de 50 e 60, quando conquistaram a sua independência.


A região de Magrebe é extremamente próxima da Europa.


As marcas do imperialismo Frances estão presentes até hoje nos países, e o futebol retrata isso como ninguém. Com comunidades magrebinas gigantescas na França, as partidas entre os europeus e os norte-africanos sempre movimentam as cidades francesas. Na primeira fase do mundial do Catar, quando a Tunísia venceu a França, se viu uma grande festa dos tunisianos nas ruas de Paris que, depois, culminou em um confronto com os torcedores dos Le Bleus.


Agora, com uma partida de semifinal entre marroquinos e franceses, o clima tenso se faz presente no país europeu, com o governo reforçando a segurança pública e aumentando a frota policial para o horário da partida.


A vitória de Magrebe sobre a seleção Francesa


Em 1954, um terremoto de alta magnitude assolou a cidade Chlef, na Argélia. O fenômeno natural destruiu a cidade e deixou mais de 1.400 vítimas. Buscando juntar recursos para ajudar os afetados, a Federação Francesa de Futebol (FFF) marcou, no Parc des Princes, um amistoso beneficente entre a França e uma seleção formada por marroquinos, argelinos e tunisianos.


Para surpresa de todos, os magrebinos derrotaram os franceses por 3 a 2, em pleno Parc des Princes. Apesar de ser um simples amistoso, essa vitória é muito significativa e representou um grito de independência dos países árabes, que, como os colonizados, venceram na bola seus colonizadores.


A independência de Magrebe


Depois disso, em 1956, Marrocos e Tunísia conquistaram a sua independência. Nesse mesmo ano, foi iniciada a Guerra da Argélia, na qual a Frente de Libertação Nacional da Argélia (FNL) lutou contra o exército francês até 1962, para também libertar os argelinos do imperialismo europeu.


Foto: Arquivos LA TRIBUNE LE PROGRES / MAXPPP


Nesse período, os países magrebinos também apoiavam a Argélia através do futebol. Durante a guerra, as seleções de Marrocos e Tunísia jogavam frequentemente contra os Onze da Independência, uma seleção formada Frente de Libertação Nacional da Argélia.


O principal propósito da equipe da FNL era, sobretudo, mandar um recado para a França e para o mundo, que a Argélia queria a sua independência, com os jogadores envolvidos nesta causa.


A partida entre França e Marrocos representa muito mais que uma vaga na final para os africanos. Mais que isso, para os magrebinos, a partida pode simbolizar uma vingança pelos anos de imperialismo europeu nas terras árabes.


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